quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Nas asas do tempo




Sento-me nas areias do tempo
No deserto do alem
No meio do nada
Penso nos passos que dou contra o tempo
Os olhos que baixo por causa do vento
Vento que me toma os sonhos cálidos e os pinta de vermelho
Sangram lágrimas sem choro
Sem voz
Murmuram segredos
Desenham-se-me no rosto esses esboços do silêncio
Esses que apago e esborrato
E de novo se pintam em telas contra a minha vontade
Rasgo as folhas de papel em branco
Queimo os lápis de madeira que insinuam escravinhices
Dos meus não ditos não há-de falar
Deixem-me sentir, aqui, a dor vermelha de não saber amar
Essa condição de ignorante eterno
Para sempre um boémio nos lençóis alheios...
Frios, gélidos...
Sem sabor nem cheiro...
Ausentes na minha vontade...
Amargos
Aquecem apenas esta minha pele que arrefece
Pensar que um dia me podia aquecer no leito dessas desconhecidas sem rosto...
Que distraída sou...
Pois estava-me a esquecer de desejar
voar nas asas de um anjo


Sem comentários:

Enviar um comentário